Quem trabalha ou pretende trabalhar no ramo de importação e exportação, precisa dominar os diversos conceitos e termos que são específicos do comércio exterior. Ter conhecimento sobre o conjunto de operações que compõem o segmento ajuda a empresa a ter sucesso.
Assim, fica mais fácil tomar as melhores decisões para os seus clientes. No comércio exterior, existem, por exemplo, termos relacionados ao embarque de mercadorias, seja para importação ou exportação. Dois desses termos são FCL e LCL.
As duas siglas são sempre aplicadas às operações de importação e exportação, determinando o modal de transporte de carga a ser escolhido pela empresa.
Compreendendo a diferença dos dois conceitos, LCL e FCL, você consegue vislumbrar qual das duas alternativas é mais viável para seu negócio, uma vez que para cada modalidade existem taxas e operações diferentes a serem executadas.
Ter esse tipo de informação é importante para saber optar corretamente pelo transporte mais adequado. Significa escolher a modalidade compatível com a disponibilidade financeira da empresa,as metas e os prazos estabelecidos para o cliente final.
Por conta disso, conheceremos tudo sobre a modalidade de transporte LCL neste artigo. O objetivo é entender seu conceito e características, custos e em que circunstâncias ela é útil para a empresa.
Com isso, oferecemos, a você, knowhow para optar por um serviço de transporte de carga com inteligência e perspicácia. Veremos, portanto, como o LCL pode tornar a logística de importação ou exportação mais eficiente e a aplicação de custos no transporte mais acertada.
Inicialmente, vamos compreender a fundo o que significa o transporte LCL. Como sabemos, o transporte internacional de cargas pode ser feito por avião, navio, caminhão ou trem, porém aqui no Brasil é mais usado via avião ou navio.
No caso do navio, é comum utilizar contêineres para o transporte do tipo padrão (standard) que pode comportar até 25 toneladas de carga dependendo do local que será enviado. Lembrando que o peso do contêiner em si não entra na conta do frete.
Como citado, o termo LCL é a sigla para Less than a Container Load (em português, carga menor que um contêiner). Na prática, significa que a carga a ser transportada não é suficiente para ocupar todo o contêiner em um navio.
Dessa maneira, o contêiner é compartilhado com cargas de outros exportadores ou importadores, até que a ocupação seja completa. Assim, esse modal é indicado para empresas que não transportam grandes quantidades de mercadoria.
Por ser compartilhado, o frete terá um custo menor, uma vez que o custo total do frete do contêiner será dividido com os demais usuários do serviço. Benefício que explicaremos em detalhes, adiante.
A opção de transporte LCL se torna viável também para quem está iniciando no comércio exterior e não tem recurso para investir em um contêiner inteiro ou mesmo tanta carga. Com isso, a empresa também evita pagar por um espaço que não usará por completo.
Ao contrário do LCL, o FCL implica na locação completa do contêiner. Ao usar um serviço de transporte que seja full container load, a empresa terá o espaço todo do contêiner dedicado para suas mercadorias.
Por não compartilhar o espaço com mercadorias de outros proprietários, o FCL tem um custo maior de frete para o exportador ou importador. Porém, o serviço pode ser usado quando houver muita mercadoria a ser transportada, certa urgência no recebimento do material ou mesmo para cargas que não possam ser misturadas com outros produtos.
Como já dissemos, o transporte do tipo LCL é ideal para empresas que não têm condições ou mesmo necessidade de locar um contêiner inteiro. No entanto, é preciso ter em mente que o tempo de remessa é mais longo.
Porém se a mercadoria não pode ser transportada por avião, mas também é pequena para um FCL, o LCL é a solução. Outros motivos a serem considerados na escolha do LCL são:
Por ser um serviço de transporte compartilhado com outras empresas atuantes no comércio exterior, o LCL apresenta alguns desafios que devem ser de conhecimento do gestor. Inicialmente, precisamos compreender como ocorre o processo de envio por LCL.
Ao contratar o serviço, a primeira etapa do envio é chamada de consolidação. Refere-se ao agrupamento de todas as cargas e mercadorias que vão ocupar o contêiner. Esse processo pode demorar até que o NVOCC reúna todas as mercadorias, já liberadas para exportação, e as agrupe no contêiner.
Só com esse processo finalizado é que a remessa é encaminhada para um porto, onde vai aguardar liberação do embarque LCL. Em algumas situações, as remessas podem ser transferidas de contêiner, de acordo com os despachos internacionais e seu destino
final.
Ao chegar no ponto final, o contêiner vai para o destuffing/unstuffing (desova), termo empregado para denominar o processo de retirada da carga de dentro do contêiner. Só então, após análise aduaneira, ela é despachada em outros transportes para o destino
final.
Assim, como pudemos notar nesse processo, o primeiro desafio do LCL é o tempo de transporte. Portanto, o analista ou gestor da área precisa incluir esse tempo em seu planejamento para não gerar expectativa em uma carga que vai chegar em um prazo maior.
Outro ponto a ficar atento, durante a contratação e planejamento do transporte LCL, é que a rota nem sempre é regular, o que também vai influenciar no tempo de chegada. Por isso, é importante ter toda a documentação preparada para esse tipo de embarque, uma vez que qualquer parada em posto aduaneiro pode prolongar ainda mais o tempo de entrega.
Outro aspecto a se ter conhecimento no transporte LCL é que as inspeções alfandegárias ocorrerão com mais frequência, uma vez que se trata de mercadorias distintas. Assim, qualquer problema em outra mercadoria retém todo o conteúdo do contêiner no posto aduaneiro, ainda que os demais materiais estejam com a documentação em ordem.
No transporte LCL, o sucesso do transporte internacional do contêiner é de responsabilidade de todos os locatários. Significa que todos devem cumprir à risca com as obrigações legais e de regulamentação para transporte internacional, para evitar que as remessas sejam retidas em postos aduaneiros internacionais.
Assim, é um aspecto sobre o qual não se tem controle. Visto que não dá pra garantir que os outros exportadores ou importadores tenham tido o mesmo cuidado com a documentação e embalagem de suas mercadorias.
A documentação da remessa deve ser bem organizada e arquivada para evitar retenções e fiscalizações físicas do contêiner. Do contrário, o atraso da carga pode gerar outros custos diversos, além de impactar na entrega final.
Por exemplo, se ele ficar retido em um porto internacional, transportadoras e autoridades marítimas podem cobrar sobrestadia (diárias) pela retenção.
A carga pode ser retida também quando a mercadoria não está com embalagem suficiente ou adequada para o tipo de produto. Portanto, além da documentação correta, o embalamento seguro também precisa ser garantido. Assim, evitam-se problemas de retenção da carga durante a viagem e os consequentes custos extras e atrasos.
Os desafios são muitos, mas cuidando bem da documentação e do processo de embalagem, eles são minimizados. Além disso, ao contratar uma empresa que possa auxiliar no transporte LCL, escolhendo um NVOCC confiável, a modalidade oferece ótimas
vantagens.
Em função de todas as taxas envolvidas, o transporte de mercadorias internacionais pode ser bem custoso, o que pesa no valor final do produto. Por isso, o LCL é visto como a consolidação de mercadorias mais em conta para o exportador.
Afinal, ele divide proporcionalmente entre todos que vão utilizar o contêiner, é o melhor custo-benefício para os exportadores/importadores de volumes pequenos.
Como já mencionado, com o LCL é possível exportar ou importar remessas pequenas de mercadorias. Com isso, o empresário pode ter mais diversidade de produto em seu estoque, sem no entanto sobrecarregá-lo para “compensar” um frete FCL.
O risco desse investimento, além de bem maior, é que o produto pode não ter a saída esperada e ficar encalhado na loja, por exemplo.
Outra vantagem é que com o LCL, o comerciante tem a oportunidade de experimentar outros mercados de importação com risco menor de prejuízo, em caso de perda.
Assim, havendo qualquer problema com a carga, ainda que não seja responsabilidade sua, o prejuízo pelo longo atraso será mínimo, por se tratar de uma remessa pequena.
O LCL é também ideal para explorar novas marcas e fornecedores, testando o serviço e o produto, antes de fazer grandes investimentos. Imagine, por exemplo, exportar produtos de maquiagem de uma marca nova e explorar esse setor sem altos custos iniciais.
Outros custos que são abatidos no transporte de LCL são os custos gerais de logística. Além do frete, outras taxas são cobradas com custo menor do que num embarque de FCL.
Falamos bastante sobre o LCL como pode atrasar e o tempo ser maior, porém individualmente, o LCL pode também ser mais rápido para o empreendedor.
Como? Com essa alternativa, a empresa não precisa aguardar ter demanda para preencher um contêiner todo e fazer os pedidos de acordo com a necessidade. Na prática, isso significa que o produto pode estar disponível no estoque em tempo menor do que se fosse aguardar lotar um FCL.
Todas as vantagens anteriores resultam nesta última. Assim, pode-se ter um estoque bem mais compacto e controlado com o LCL. Com essa modalidade, o estoque pode ser ainda diversificado (vários fornecedores), sem estar sobrecarregado com risco de encalhar produto e atendendo às demandas da clientela.
No transporte LCL é importante priorizar cargas que tenham remessas de natureza semelhante à sua. Esse aspecto garante economia em vários processos de logística e transporte. Além disso, pode minimizar as inspeções físicas aduaneiras. É preciso, portanto, conhecer os tipos de cargas que podem ser transportadas via LCL e quais suas especificidades na operação.
Carga geral: Aqui se enquadram mercadorias como partes e peças, máquinas, peças para automóveis, etc. Esse tipo de carga normalmente é acondicionada em caixas e pallets.
Carga perigosa: Exige acondicionamento seguro, pois referem-se a cargas que podem pôr em risco pessoas e outras mercadorias. Estas devem seguir as Recomendações para o Transporte de Produtos Perigosos das Nações Unidas. Exemplo: explosivos, gases, produtos inflamáveis etc.
Abaixo confira alguns tipos de contêineres usados em LCL:
Dry standard: contêiner totalmente fechado, utilizado para transportar cargas gerais,
móveis, roupas, alimentos, etc.
High cube: mesma lógica do dry standard, mas um pouco maior na altura.
Reefer: container para mercadorias que precisam ser refrigeradas. Utilizado para
transporte de remédio, alimento etc.
Open top: tem as mesmas dimensões do dry standard, mas possui teto de lona que permite transportar mercadorias que não caibam num contêiner tradicional. Tem custo mais alto, visto que não permite que se encaixe um contêiner em cima dele.
Flat rack: contêiner de parte móveis, ideal para cargas com excessos laterais e de altura
Como vimos, o transporte LCL passa por algumas etapas e requer alguns pagamentos pelos diversos serviços no processo. Assim, o custo do LCL é calculado principalmente por volume, geralmente em metros cúbicos (m³).
Portanto, quanto mais espaço sua mercadoria precisar, mais você paga. Porém o peso também é levado em consideração em alguns casos quando a carga é mais pesada que volumosa. Imagine por exemplo o embarque de uma bigorna. Pelo produto ser muito mais pesado que grande, o NVOCC vai cobrar em cima do peso.
Em linhas gerais, as 4 principais taxas, além do frete, são:
Esta tarifa refere-se aos serviços relacionados à manipulação portuária. No transporte LCL, o cálculo do THC é determinado de acordo com o valor da tonelada ou metro cúbico sendo cobrado o valor mais alto. Já no FCL, a taxa é definida pela companhia marítima e trata-se de um valor único.
Tarifa paga por emissão. Refere-se, portanto, à emissão do conhecimento de embarque conhecido como BL.
Tarifa cobrada pelas companhias marítimas, com o objetivo de compensar eventuais gastos adicionais por questões de segurança. No caso da LCL, é cobrado um valor fixo por embarque.
Ao chegar no porto final, a transportadora cobrará uma taxa pelo transporte terrestre da mercadoria. Para LCL, o valor será cobrado pelo peso taxável, que é calculado por uma fórmula específica do serviço.
Em linhas gerais, o valor total do frete para uma carga LCL vai considerar uma série de taxas e sobretaxas, permanentes ou temporárias que dependem da origem e destino da carga.
No processo de envio à entrega no ponto final da compra, são cobrados custos de coleta, armazenagem, consolidação, deslocamento e entrega. O custo de coleta da remessa refere-se à retirada da mercadoria no depósito ou na fábrica.
Já o custo de armazenagem e consolidação diz respeito ao espaço onde o contêiner está aguardando as mercadorias. Além disso, o frete do modal marítimo será cobrado de acordo com os valores praticados em cada rota, levando em consideração o país e demais tratativas do local de embarque.
Por fim, como já mencionado, entra ainda o valor de entrega, que é realizado individualmente. Quanto ao transporte marítimo, algumas rubricas específicas vão compor o frete:
O/F (Ocean Freight): trata-se do frete em si da carga, sem taxa adicional. No transporte FCL é um custo cobrado levando em consideração o tipo de contêiner e também a mercadoria em si que será transportada. Já no LCL, o custo varia de acordo com a tonelada ou m³;
BAF (Bunker Adjustment Factor): é uma taxa aplicada para corrigir as alterações no preço de combustível;
CAF (Currency Adjustment Factor): taxa que cobre eventuais mudanças cambiais (um percentual aplicado sobre o frete e as sobretaxas em moeda internacional).
Além dessas taxas, outras sobretaxas são incluídas no transporte marítimo, também relacionadas ao frete das mercadorias.
São elas:
> EBS/BRC/BUC (sobretaxas de emergência);
> SCT (tráfego sobre o Canal de Suez);
> PCS (tráfego sobre o Canal do Panamá);
> Áden (tráfego sobre o Golfo de Áden);
> CSF/SEC (sobretaxa de segurança).
Há ainda sobretaxas temporárias de frete (aplicadas em casos específicos tanto no LCL quanto FCL), como WRS, WS, Port Congestion, PSS, GRI/GRR/ERR.
O primeiro passo para buscar por transporte LCL é pesquisar opções de agentes de carga, comissárias de despacho ou os chamados NVOCCs (Non Vessel Operating Common Carriers) - empresas que atuam indiretamente ou diretamente na consolidação de cargas.
Desse modo, é importante conhecer o histórico e forma de trabalho da empresa, os serviços que eles oferecem e as garantias quanto ao cuidado e cumprimento de prazos.
Não caia na cilada de contratar o mais barato. Sabemos que o custo é importante, mas outros pontos devem ser analisados como: tempo de trânsito, regularidade do serviço, se ele é direto, entre outros pontos.
Ter algumas cotações te permite observar o melhor custo-benefício de acordo com o tipo de mercadoria e demanda que você precisa transportar. Por isso, conheça também as necessidades de acondicionamento do seu produto. Vimos que existem cargas com demandas específicas de embalagem e acondicionamento.
Assim, saiba exatamente como o seu produto deve ser acondicionado para contratar o serviço de carga mais adequado. Aqui, não é questão de economizar no frete, mas evitar um prejuízo maior com danos na mercadoria em si.
Também é importante conhecer as dimensões internas do contêiner para entender o espaço que ele oferece e o espaço que você precisa e decidir por um serviço LCL ou FCL.
Outra dica é solicitar as dimensões do pallet (aquela “madeirinha” que fica abaixo das suas caixas). São os materiais usados para melhor acondicionamento das mercadorias e eles ocupam espaço também.
Esse espaço do pallet entra no cálculo do seu frete. Por isso, é importante saber com os fornecedores sempre as dimensões das embalagens e dos pallets. Com isso, é possível fazer um cálculo correto sobre o frete a ser pago e não ser surpreendido com um valor acima do esperado.
Resumindo, o transporte LCL é recomendado para empresas que querem importar ou exportar pequenos volumes de mercadoria, sem necessidade de contratar um contêiner dedicado.
O que o gestor deve considerar na escolha do tipo de transporte é o tipo de produto que vai transportar e o tempo máximo que ele tem para chegar ao destino final.
Dois itens são indispensáveis no sucesso dessa operação: planejamento de tempo e custo, somado a um consolidador confiável. Com resultado, o transporte LCL pode otimizar a logística de entrega da empresa, enxugar custos e dinamizar a gestão do estoque.
Em resumo, o transporte marítimo LCL é uma modalidade viável e econômica para cargas com volumes menores que não preenchem um contêiner completo.
No entanto, é necessário avaliar cuidadosamente a viabilidade de sua utilização, levando em consideração as especificidades da carga, seu valor, dimensões e peso, bem como a urgência da entrega.
É importante também analisar os diferentes tipos de acondicionamento de carga, como a unitização e a estufagem no contêiner, avaliando sempre as necessidades de cada operação.
Compreender as diferenças entre LCL e FCL é fundamental para a escolha do melhor modal, garantindo assim um serviço de alta qualidade e satisfação do cliente.
Para um embarque LCL de sucesso, fale com nossos especialistas e conte com a Allink.
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